Ibovespa fecha em alta e corrige pessimismo; bancos e ações domésticas lideram ganhos
O Ibovespa encerrou o pregão desta terça-feira (23) em forte alta, em um movimento de correção após dias de maior estresse político e fiscal. O principal índice da B3 avançou 1,46%, aos 160.456 pontos, recuperando o patamar dos 160 mil pontos em um dia de liquidez reduzida por conta do feriado de Natal.
Durante a sessão, o índice oscilou entre a mínima de 158.143,85 pontos e a máxima de 160.440 pontos. O volume financeiro negociado pelo Ibovespa somou R$ 14,4 bilhões, enquanto o giro total da B3 alcançou R$ 20,6 bilhões.
O mercado reagiu positivamente ao cancelamento da entrevista do ex-presidente Jair Bolsonaro ao portal Metrópoles, que estava agendada para esta terça-feira e poderia trazer um apoio público à candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência em 2026. A leitura predominante foi de aumento das incertezas em torno da consolidação do nome do senador na corrida eleitoral, o que reduziu parte do prêmio de risco embutido nos ativos domésticos.
Além disso, os investidores repercutiram a divulgação do IPCA-15 de dezembro, que avançou 0,25% no mês e levou a inflação acumulada em 12 meses a 4,41%, abaixo do teto da meta contínua. O dado foi visto como um alívio para o cenário inflacionário e contribuiu para o fechamento da curva de juros ao longo do dia.
Segundo Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, o mercado passa por um movimento de acomodação após semanas de pressão. Para ele, o IPCA-15 abaixo da meta anual e o PIB dos Estados Unidos acima do esperado ajudaram a melhorar o ambiente, ainda que o principal evento para os investidores siga sendo o início do ciclo de queda dos juros no Brasil.
Com o fechamento da curva de juros e o aumento do apetite ao risco, ações ligadas à economia doméstica lideraram os ganhos do dia. Entre os destaques estiveram os papéis de bancos e empresas de varejo, construção civil, concessões rodoviárias e locação de veículos.
Ações como Banco Santander (SANB11), Smart Fit (SMFT3) e Banco BTG Pactual (BPAC11) figuraram entre as maiores altas do pregão. Também avançaram papéis de empresas como Magazine Luiza (MGLU3), Lojas Renner (LREN3), C&A (CEAB3), Direcional (DIRR3) e Cury (CURY3).
Do lado negativo, a Vale (VALE3) passou por uma leve correção, enquanto a Suzano (SUZB3) foi pressionada pela queda do dólar no mercado doméstico.
No cenário internacional, as bolsas de Nova York encerraram em alta, apoiadas principalmente por ações de tecnologia, após dados mostrarem que a economia dos Estados Unidos cresceu a uma taxa anualizada de 4,3% no terceiro trimestre, acima das expectativas do mercado.
Para Bruno Perri, economista-chefe e estrategista da Forum Investimentos, o Ibovespa se descolou do mercado americano e corrigiu parte do pessimismo excessivo dos últimos dias, especialmente ligado às variáveis eleitorais. Segundo ele, apesar do IPCA-15 em linha com as estimativas, a composição da inflação ainda reforça a leitura de que eventuais cortes de juros no Brasil devem ocorrer apenas a partir de março.
Ainda assim, com a redução dos ruídos políticos no curto prazo e um cenário externo mais construtivo, o Ibovespa encerra o pregão em alta, enquanto o mercado segue atento às próximas sinalizações sobre a trajetória dos juros e às definições do cenário eleitoral para 2026.

