Bois Garantido e Caprichoso usam blockchain para combater pirataria de produtos do Festival de Parintins

Marco ressalta que grande parte da pirataria dos produtos do Festival de Parintins está na internet, em sites de marketplaces. Como primeira ação para combater os produtos falsificados, o OOriginal tem monitorado constantemente os sites e anúncios. Em seguida, pedem a derrubada dos sites.

De acordo com Botelho, o sistema de monitoramento ajudou a reduzir um grande volume de falsificações no ambiente digital. A segunda fase do projeto inicia em dezembro de 2025, com a utilização do blockchain.

No processo de verificação da autenticidade do produto dos Bumbás, há um QR Code para cada produto, como se fosse um RG único. Assim que o consumidor escaneia o QR Code, o sistema do OOriginal verifica se o produto é falso ou não. É a partir daí que o blockchain entra em cena.

“Quando o fabricante registra esse item, a informação de criação é gravada no blockchain, como um ‘carimbo de origem’, impossível de alterar. Se alguém copiar o mesmo QR Code em outro produto, a blockchain evidencia que aquele código já foi registrado e utilizado, o que mostra a fraude. Ou seja, o blockchain não é o QR Code, mas sim a camada de verdade por trás dele, o “cartório digital” que certifica que aquele item nasceu legítimo e pertence ao Festival”, explica Marcos Botelho.

Quando se fala em ambiente digital, tudo que existe dentro precisa ser registrado. Algumas informações são restritas a bancos de dados de determinada empresa, de forma centralizada, onde nem todos têm acesso. O blockchain surgiu justamente para descentralizar as informações.

Uma das características positivas do blockchain, elencada por Caroline, é a segurança da rede. Isso porque, cada dado registrado na rede é agrupado a um bloco que é endereçado a um bloco anterior. Cada bloco tem um “hash” do bloco anterior, como se fosse uma impressão digital.

Ou seja, se alguém tentar modificar os dados, o hash muda e a rede entende que é fraude. Ao mesmo tempo há a questão de privacidade de dados. Neste aspecto, para Caroline, o blockchain tem seus “ônus e bônus”. À NEGÓCIOS, ela afirmou que qualquer coisa pode ser registrada, desde marcas, até mesmo uma simples mensagem de parabéns. No entanto, a partir do momento que algo entra na blockchain, é impossível de retirar.

“Você pode confiar que o que você registrar na blockchain estará sempre na blockchain. Qual é a parte negativa da blockchain? Ela é transparente até demais. Então, todo mundo tem acesso em tempo real a todos os dados que foram registrados na blockchain. Se você registrar um dado aberto, por exemplo, o CPF em uma transação da blockchain, você não vai conseguir tirar depois”, diz a CEO da InspireIP, Caroline Nunes.

O maior espetáculo a céu aberto do mundo encanta milhares de torcedores todos os anos, no final de junho, quando acontecem os três dias do Festival de Parintins. Por trás da grandiosidade do evento, existe uma cadeia de trabalhadores: desde artesãos, até dançarinos, figurinistas e artistas. Em conjunto, eles criam alegorias, figurinos e estruturas que representam a cultura, lendas e encantarias do povo amazônida.

Parte do evento é custeado por uma verba repassada pelo Governo do Amazonas e por patrocinadores. Outra fatia vem das vendas dos produtos dos bumbás, como camisetas, bonés, acessórios e outros itens com as imagens dos bumbás. A pirataria atrapalha a cadeia produtiva e o caixa financeiro do festival.