A pressão de venda no mercado de Bitcoin dá sinais claros de esgotamento após um longo período de distribuição, segundo uma análise recente da empresa de pesquisa e corretagem K33. Os dados indicam que o cenário pode abrir espaço para uma nova fase de valorização do ativo.
De acordo com o relatório, aproximadamente 20% de todo o fornecimento de bitcoin foi reativado nos últimos dois anos. Esse movimento representa uma das maiores fases de distribuição de longo prazo já registradas na rede. A análise foi conduzida por Vetle Lunde, chefe de pesquisa da K33. Ele observa que a oferta de bitcoins mantidos por mais de dois anos vem caindo de forma consistente desde 2024.
Nesse período, cerca de 1,6 milhão de BTC, avaliados em aproximadamente US$ 138 bilhões, voltaram a circular. O volume sinaliza vendas on-chain sustentadas por investidores de longo prazo. De acordo com a Lunde, a dimensão dessa reativação vai além de ajustes técnicos. Ele afirma que os dados apontam para uma distribuição estrutural e deliberada por parte de grandes detentores.
Parte desse movimento pode estar relacionada à conversão do Grayscale Bitcoin Trust em ETF, além de reorganizações de carteiras e atualizações de segurança. Ainda assim, esses fatores não explicam totalmente o volume observado. O relatório destaca que 2024 e 2025 figuram como o segundo e o terceiro maiores anos de reativação de oferta antiga da história do Bitcoin, atrás apenas de 2017.
Diferente do ciclo anterior, marcado por ICOs e especulação em altcoins, o atual processo ocorre em um ambiente de alta liquidez institucional. ETFs à vista e demanda de tesourarias corporativas criaram novas condições de mercado.
A K33 aponta transações expressivas como evidência. Entre elas, uma venda de 80 mil BTC realizada pela Galaxy no mercado de balcão em julho. Outro caso envolve uma baleia que vendeu 24 mil BTC por ether em agosto. Além disso, uma terceira entidade liquidou cerca de 11 mil BTC entre outubro e novembro.
Essas operações, segundo a análise, não foram isoladas. Movimentos semelhantes ocorreram ao longo do ano e ajudam a explicar o desempenho relativamente fraco do bitcoin em 2025. No total, a K33 estima que US$ 300 bilhões em bitcoins com mais de um ano de idade foram reativados apenas neste ano. Desse modo, o volume reflete a realização de lucros em níveis historicamente elevados.
De acordo com a Lunde, a liquidez institucional recente permitiu que investidores antigos vendessem a preços de seis dígitos. Assim, isso reduziu a concentração de propriedade e redefiniu referências de preço da oferta circulante. Apesar da pressão observada, o cenário à frente tende a mudar. A K33 avalia que a força vendedora está próxima da saturação após anos de distribuição contínua.
“Com 20% da oferta reativada nos últimos dois anos, esperamos que a pressão de venda on-chain se aproxime do limite”, afirmou Lunde no relatório.
A projeção indica que a oferta de BTC com dois anos ou mais deve encerrar sua tendência de queda. A expectativa é que o volume supere os atuais 12,16 milhões de BTC ao longo de 2026. Esse movimento ocorreria à medida que as vendas dos primeiros detentores diminuem e o mercado passa a registrar demanda líquida de compra.
Outro fator destacado envolve o rebalanceamento de portfólios no fim de trimestre. Historicamente, o Bitcoin tende a se mover na direção oposta ao desempenho do trimestre anterior. Como o ativo teve performance inferior a outras classes no quarto trimestre, gestores com alocações fixas podem direcionar novos fluxos ao BTC no fim de dezembro e início de janeiro.
Assim, dinâmica semelhante foi observada no fim de setembro e início de outubro, reforçando o argumento de entradas táticas de capital no curto prazo. Desse modo, a Lunde faz uma ressalva importante. Historicamente, a reativação de oferta costuma atingir o pico próximo aos topos de mercado, e não nos fundos.
Ainda assim, ele avalia que o ciclo atual apresenta diferenças relevantes.
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