Poucos investidores seguem tão de perto os passos de Warren Buffett no Brasil como Cesar Paiva, o fundador e CEO da Real Investor, casa brasileira localizada em Londrina, no interior do Paraná, que tem R$ 10 bilhões de ativos sob gestão.

Tanto que alguns o chamam de o “Warren Buffett de Londrina” por seguir as diretrizes de investimento do oráculo de Omaha, bem como estar distante dos grandes centros financeiros do Brasil, como a Faria Lima e o Leblon.

“O value investing prega muito a diferença entre preço e valor”, diz Paiva, ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que entrevista os principais investidores do Brasil. “A adaptação que temos que fazer para o Brasil é que os ciclos, principalmente do lado macro, são muito mais acentuados. Acredito que você tem que exigir mais margem de segurança, ou seja, o preço tem que estar realmente atrativo para compensar.”

Por essa razão, Paiva gosta de dizer que sua estratégia é sempre estar “seletivamente contrário” ao consenso do mercado. A tática consiste em encontrar boas empresas que estão passando por um mau momento, mas que têm fundamentos e capacidade de reverter o mau humor do mercado.

Três empresas do portfólio atual se encaixam nessa definição. São elas: Bradesco, Vivara e MRV. Todas elas passaram, nos últimos tempos, por problemas, mas estão corrigindo a trajetória e começando a apresentar bons resultados.

“O Bradesco chegou a ser negociado a 70% do valor patrimonial. Era uma boa empresa e entendemos que estava corrigindo os erros, o que nos trouxe uma boa oportunidade de comprar por um bom preço”, diz Paiva. Neste ano, as ações do Bradesco sobem quase 50%.

A MRV segue uma lógica semelhante: uma empresa que enfrentava problemas, mas que estava corrigindo a trajetória. “Ela é um bom exemplo de uma empresa que ninguém queria, que os resultados estavam ruins, o papel estava barato, mas era uma boa empresa negociada a um bom preço”, afirma Paiva. Suas ações valorizam-se mais de 50% em 2025.

No caso da Vivara, Paiva diz que se aproveitou de uma janela de oportunidade - o ruído por conta da governança da empresa, quando Nelson Kaufman, o fundador da companhia, voltou de forma repentina à gestão da joalheria.

“O mercado não gostou dessa mudança e as ações chegaram a cair 20%, 30% numa janela de tempo relativamente curta”, afirma Paiva. “Foi aquele momento em que olhamos aquela empresa que tínhamos um desejo de ser sócio e que estava negociada num preço muito interessante.” Os papéis da Vivara avançam quase 80% neste ano.

Nesta conversa, que você assiste no vídeo acima, Paiva fala também sobre a aposentadoria de Warren Buffett, diz que não acredita que alguém possa substituí-lo e explica a razão de estar pessimista com a Berkshire Hathaway sem Buffett.